terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Aula 02 - Questão 02

Educação multicultural x escola sem partido.

Pense nos processos históricos que fizeram com que a educação multicultural viesse a ser uma demanda e como hoje vem se construindo um discurso a favor das escolas sem partido. Quanto isso pode apagar um processo histórico de luta e de visibilidade e pode destruir processos atuais, que visam incluir, olhar e escutar as identidades marginalizadas? Por fim, como o discurso conservador, cada vez mais presente, vem tentando derrubar uma educação inclusiva, multicultural ou popular?

Obs.: Lembrar da barreira que existe em quaisquer tentativas de discutir gênero e sexualidade dentro da sala de aula.

Texto de referência: CANDAU, Vera. Capítulo 3: Multiculturalismo e educação: a construção de uma perspectiva. In: Candau, V. (org.). Sociedade, educação e cultura(s) questões e propostas.



Questão proposta por Gizele, Karina, Mayra, Samuel e Thiago.

20 comentários:

  1. A noção de escola sem partido fustiga uma educação anti democrática negando premissa educativa multicultural, inclusiva ou popular. Os apoiadores da escola partido esquecem que a escola é um lugar de diferenças, cujas mesmas não estão aí para serem negadas, mas sim compreendidas, respeitas e dialogadas.
    Não se pode pensar numa escola que não discuta política, que faça do espaço uma ponte de discussão e relação entre docente e discente. Os apoiadores da escola sem partido fomentam uma noção de sala de aula escrava, com a sobreposição do pensamento do docente sobre o discente.
    A sala de aula ao pode ser encarada para e pelo aluno como uma prisão, mas sim como libertação dos preconceitos e acima de tudo um espaço de diferenças e diálogos, de construção conjunta e compartilhada, havendo solidariedade social, buscando sempre uma unidade em meio à diversidade cultural, social, institucional e econômica do indivíduo.
    A escola não pode ser o espaço da ditadura e do individualismo, mas sim do coletivo, do marginalizado e segregado socialmente.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. No texto "Multiculturalismo e educação", a autora aponta a escola como um mecanismo de normatização e traz reflexões a respeito do tratamento igualitário que não significa ser uniformizante, apagando as diferenças. Este projeto de escola sem partido, nada mais é do que a contenção da pluralidade de vozes que emergem no espaço da escola, retomando o discurso dominante e opressor.
    Quanto às questões de gênero, ainda há muita resistência por parte de docentes da educação básica. Na escola onde trabalho, minhas turmas são as únicas que não fazem filas de meninos e meninas. Faço filas mistas, respeitando as individualidades de cada um/uma, e realizamos conversas sobre o porquê desta proposta. O ato de estar em fila ainda é característico de um regime normativo, mas encontrei uma estratégia menos repressiva para desmistificar o binarismo conservador referente às questões de gênero e sexualidade. Ainda temos muita luta pela frente para impedir tamanho retrocesso.

    ResponderExcluir
  4. Concordo com o Vinícius quando diz que não se pode pensar em uma escola que não discuta política, até porque os livros didáticos são carregados de política! É uma História contada pelo opressor, que não valoriza a Cultura e a História africana e afro-brasileira, por exemplo, apesar de existir uma lei que torna este ensino obrigatório desde 2003!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claro escola tem que ser um espaço democrático e não de imposição ideológica.

      Excluir
  5. Existem diferentes perspectivas multiculturais. A Elisa Simony sinaliza como a escola tem servido como mecanismo de normatização e ressalta a forma como o ESP tenta silenciar a pluralidade de vozes em nossa socidade. Mas existiriam perspectivas multiculturais que terminam por fazer o mesmo? como nós, professores/as e pesquisadores/as, podemos construir espaços para fortalecer a perspectiva crítica em lugar daquelas que alimentam e reproduzem desigualdades?

    ResponderExcluir
  6. Excelente questão. A discussão sobre minorias (políticas) e o debate sobre direitos estão diretamente relacionados à perspectiva multicultural. E a tensão entre esse discurso e outros, representados por grupos conservadores como o ESP, está cada dia mais evidente em nossa sociedade. Mas aponto também a reflexão para pensarmos até que ponto o próprio discurso multicultural foi "adequado", "modelado", para manter desigualdades?

    ResponderExcluir
  7. Concordo com os colegas, afinal a própria língua que falamos já é uma imposição cultural, uma vez que não tivemos noção do que se tratava ao aprendermos a falar. A escola deve ser um local muito além do controle social (como muitas têm sido até hoje), um local de respeito às diferenças. A onda conservadora cresce a cada dia no Brasil e no mundo, cada vez mais escutamos de pessoas que nunca imaginávamos, que discutir gênero nas escolas é uma imposição ideológica, pessoas que não respeitam as diferenças além de suas "bolhas". Nosso papel é contribuir para a ampliação do pensamento de que é possível respeitar e conhecer as diferentes culturas, como formas plurais de ver o mundo, e que todos tenham o direito de conhecer a história dos povos que formam o que o Brasil é hoje. Não consigo deixar de acreditar que o conhecimento pode ser uma porta para a independência e redução das desigualdades.

    ResponderExcluir
  8. O discurso multicultural pode ser usado na manutenção de desigualdades quando mesmo existindo o reconhecimento e a valorização das diferentes identidades culturais, somente a cultura erudita é reconhecida e aceita em vestibulares e concursos públicos em geral, como forma de filtro. E, qual seria o perfil dessa cultura erudita?
    Apesar de se valorizar a diversidade cultural, só um perfil cultural possui status social, ou seja, se por um lado indivíduos de camadas populares recebem incentivos para se afirmarem, empoderarem, cultivarem e resgatarem suas diferentes identidades, por outro lado, esse mesmo indivíduo precisa “conhecer” e se inserir dentro da cultura erudita para conseguir alguma ascensão social ou posição na sociedade. Uma vez que, se entende a existência da diversidade cultural, diminui-se a importância na aquisição da cultura erudita (essa inacessível às camadas populares) que é a única forma de ascensão social, assim, perpetua-se a desigualdade social. Nosso modelo institucional é incapaz de garantir para as minorias a justiça e a igualdade, esse modelo tem se mostrado incapaz de se conciliar com as diferenças culturais. Essa luta por igualdade e diferença, segundo Hall (2009), “parece exceder os limites dos nossos atuais vocabulários políticos” p.82

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito importante isso, Ana! Nossa sociedade está estruturada para ser excludente. A mudança precisa ser estrutural.

      Excluir
  9. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  10. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  11. Essa charge do Maurício Ricardo tenta demonstrar que é impossível lecionar numa “escola sem partido”, já que a história precisa ser contada de alguma forma. Não concordo que seria desta forma (que haveria várias abordagens sobre o mesmo assunto), pois a "escola sem partido" tem a intenção de silenciar vozes da diversidade cultural, esta foi idealizada e proposta por setores políticos conservadores. Sendo assim, a "escola sem partido", na verdade, toma partido da história contada pelo opressor (elite dominante conservadora). Sendo impossível ser neutro em qualquer situação, logo, é impossível ser neutro dentro da escola. Uma vez que, a diversidade cultural é silenciada dentro da escola, lutas por mudanças e reivindicações por melhorias econômicas, sociais e culturais serão drasticamente abafadas.

    Link:
    https://www.youtube.com/watch?v=p5x3Yu4RCKM

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo com a Ana Kelly quando afirma que a "escola sem partido" toma partido do opressor.Não podemos pensar escola e cultura de forma separadas visto que, apesar de distintas, relacionam-se. A escola é uma instituição cultural e como tal constrói e reconstrói valores, saberes, identidades... Pensar em uma escola que nega ou ignora as múltiplas identidades culturais de um país como é Brasil é fadar a educação a uma mera reprodução de um sistema desigual e excludente.

      Excluir
  12. Diante do exposto, precisamos lembrar que somos um país descolonizado, mas ainda trazemos marcas profundas desta colonização. Ainda não conseguimos desconstruir a imposição do poder, esta condição nos impede de formular um currículo que trabalhe pedagogicamente as diversidades dentro da escola e nem elaborar políticas públicas de qualidade. Diversidade esta que não encontra espaço dentro da escola, nem para proporcionar um ambiente múltiplo onde o diálogo se construa entre os diferentes. Não é possível que mesmo depois de tudo que passamos ainda não conseguimos conviver pacificamente com sujeitos oriundos de outras culturas, sem querer impor uma uniformidade dominante. Consequentemente, a escola inserida nesta sociedade não consegue cumprir seu papel de produtora de conhecimento, assim como, não contribui para a formação de seu caráter
    monocultural.

    ResponderExcluir
  13. Para começar, parto de uma questão: O Projeto pretende apregoar uma escola sem partido ou escola de um partido só??
    Pois, o pano de fundo dessa proposta é silenciar as discussões, controlar as mentes, pensamentos e consequentemente levar a escola a um lugar de exclusão de direitos. Diante disso, acrescento que, sem politica é impossível que qualquer grupo social ou mesmo o indivíduo siga na sociedade, posto que, política é ocupar espaços, discutir questões, emergir opiniões, e não simplesmente ligar-se a um partido(sigla) de coloração ideológica A ou B. E essa é a ideia central do projeto: criminalizar a política, demonizar os movimentos sociais, doutrinar/amordaçar o professor e todos os outros profissionais de educação, o que trará consequências profundas na sociedade, representada na escola pelas gerações atuais de crianças e adolescentes,que passariam a se sentir obrigados a seguir padrões rigidamente determinados, num lugar onde por excelência deveria ser utilizado para cultivar a riqueza e o universo de possibilidades que habita nas diferenças que por sua vez, estão presentes na escola em tudo e em todos.

    ResponderExcluir
  14. Complemento, colocando que, um partido só, seria crucial na questão, uma vez que, o que se pretende é uma homogeneização dentro de padrões ditados de cima para baixo, tais como: a formação familiar adequada, o jeitos de sentar das meninas, o corte de cabelo dos meninos, a fala do professor, o currículo imposto(BNCC), o patriotismo, a religião correta, o padrão de beleza ligado ao tom de pele, tipo de cabelo, a forma de avaliar.... e outros tantos elementos que perpassam o cotidiano escolar.

    ResponderExcluir
  15. Ao contrario, somos ontologicamente colonia. Não conseguimos desenvolver um projeto de nação, como já foi defendido por Darcy ribeiro. Esse fato se exacerba na subserviência de "nossos" ao Capital estrangeiro, sobre tudo norte-americano, nosso maior colonizador nos dias atuais. Nós, através de nossos estudos e ações que temos tentado nos desvencilhar desta característica tão preeminente em nossa cultura!

    ResponderExcluir
  16. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir