terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Aula 02 - Questão 01

Diante da hibridização cultural que reconfiguram identidades por meio de  processos diaspóricos globais, como pensar categorias como raça, etnia, classe, gênero ou território? Essas categorias podem realmente se interseccionar? É necessário haver sobreposição de algumas identidades sobre outras?



*Ter atenção a conceitos como tradução, différrance, hibridismo, binarismos e estado-nação liberal trazidos no texto de HALL, Stuart. A questão multicultural. In: Da Diáspora-identidade e mediações culturais.
Multicultural, Robert Daniels

 Questão proposta por Gizele, Karina, Mayra, Samuel e Thiago.

17 comentários:

  1. A partir do processo de leitura do texto de Stuart hall se compreende que a identidade e a cultura estão intrinsecamente ligados não podendo dissociar os conceitos de raça, etnia, gênero, classes e território, tendo em vista que os meios conversam entre si.
    Não existe para o autor uma identidade única e ainda um dejeto enquanto um ser que se relaciona e depende do outro uma cultura única frente ao conceito do multiculturalismo.
    No presente texto Hall coloca que o ser humano é um sujeito histórico, marcado por transformações, não linear e que a identidade é marcada por um processo de construção e reconstrução, perpassando uma dimensão individual adentrando uma esfera coletiva.
    Não se pode falar também em uma única cultura, onde concebendo a mesma como modo de ser e jeito de viver de um povo não se pode pensar numa única forma de território, raça, gênero ou classe. Não existe uma raça superior e nem inferior, se é que pôde-se falar de raça como em muitos momentos ao longo da história foi colocado a visão eurocentria e etnocêntrica negando a existência de uma identidade e cultura em outros continentes diferentes dos seus.

    ResponderExcluir
  2. A partir da leitura do texto proposto entende-se que o sujeito é constantemente um ser em construção e reconstrução que opera a todo momento ativando e acionando uma dada identidade. Ora essa identidade pode estar associada as questões de gênero, sexualidade, etnia, classe ou raça. Ou seja, todas essas variantes estão intrinsicamente ligadas no âmbito da coletividade. Elas são acionadas conforme as demandas do coletivo. As questões identitárias não podem ser dissociadas as questões culturais. Com os inúmeros fluxos migratórios que permitiram o hibridismo cultural, as identidades também são acionadas conforme as demandas coletivas no meio social e histórico em que estão inseridas, logo, uma identidade irá se sobrepor a outra a partir do contexto vivido.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa reflexão, Dayana, e para contribuir com a sua reflexão, é possível pensar em hibridismo cultural de forma desconectada com as disputas de poder existentes nesses mesmos coletivos? As identidades também são denominadas como "diferentes" ou "minoritárias" a partir de uma perspectiva determinada, histórica e muito bem localizada. Fluxos migratórios podem nos ajudar a entender também essas relações de poder?

      Excluir
  3. Ótima pergunta: Hall discute a tendência a homogeneização existente no processo de globalização, mas também reforça o conceito de hibridização cultural, inclusive chama atenção para a "proliferação subalterna da diferença". O que seria essa proliferação? Vinícius ressalta o aspecto contínuo e fluido das identidades, que estão sempre em construção, mas por outro lado, as políticas públicas que atendem determinadas identidades não delimitam e essencializam essas identidades? Políticas voltadas para mulheres negras, indígenas, mulheres indígenas, gays, lésbicas, trans... A perspectiva multicultural percebe a cultura, a identidade como categorias em permanente construção, mas se concretiza também por políticas que limitam e congelam essas mesmas identidades. É possível escapar desse paradoxo? Essas políticas recriam categorias ou estimulam um pensamento interssecional? É possível pensarmos em políticas interssecionais?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Segundo Hall, na situação da diáspora as identidades se tornam múltiplas. Nesse sentido, a fidelidade de um sujeito à sua identidade cultural não significa um limite a ele imposto e sim mais uma possibilidade de interação com um todo mais complexo, o que possibilita a interssecionalidade. Visto que, em se tratando de cultura, apresentam-se dois lados desta questão: O primeiro que retrata a valorização da identidade cultural do indivíduo enquanto ser histórico, e o segundo é que o contexto onde se dá a tradição é transitório, o que faz com que esta tenha possibilidade de transformações. E é nesse processo paradoxal que ocorre o hibridismo cultural, compreendendo, assim, que a cultura não é algo dado em um momento estanque e sim um processo de produção humana no decorrer de sua história. Desta forma, somente com este olhar seria possível, em tempos de globalização, estabelecer resistência a uma ideia homogeneizante e que hierarquiza as culturas sobrepujando uma em detrimento de outras.

      Excluir
  4. Segundo o texto, o multiculturalismo não é uma doutrina, mas um conceito bastante questionado por diferentes grupos com pensamentos políticos diversos. Entretanto, é necessária a constante busca por algo que dê conta da diversidade cultural das sociedades. A globalização ocorreu de forma desigual, e as migrações acabam contribuindo para essa "proliferação subalterna das diferenças”, onde o poder se dá de forma desigual resultando na exploração das nações. Segundo Hall: “a luta entre os interesses ‘locais’ e o ‘globais’ não está definitivamente concluída”. O resultado dessas diferenças é a "différance" derridiana, citada pelo autor, onde os significados estão continuamente se ligando a outros através das diferenças.

    ResponderExcluir
  5. Ao meu ver e considerando todo o exposto acima, penso que a globalização está intimamente ligada ao capitalismo, ao consumo, a indústria cultural que homogeniza e aniquila a autonomia das identidades culturais. Contudo não possui um controle sobre suas influências, assim, ao mesmo tempo que iguala, elimina muitas marcas de determinada nação. Cria uma espécie de dissenso entre culturas, expandindo de forma submissa uma visão de mundo formada por especificidades locais.

    ResponderExcluir
  6. Podemos observar a existência de políticas neoliberais que caminham na intenção de promover uma homogeneização dos indivíduos – o que podemos perceber, por exemplo, pela circulação por diversas partes do mundo de um mesmo produto produzido por uma mesma empresa, e, até mesmo certa imposição de uma “americanização” da cultura mundial. Juntamente com o processo de globalização e suas tendências de homogeneização cultural, acontece uma proliferação subalterna das diferenças, pois o local absorve essa cultural global, ressignifica ou adapta de acordo com sua perspectiva.
    As sociedades mistas não são acontecimentos recentes, pois mesmo antes da expansão europeia, as migrações e os deslocamentos populacionais já estavam presentes, produzindo sociedades étnica ou culturalmente mistas. Hall (2009) apresenta como exemplo de identidade híbrida muitos imigrantes que vivem na Inglaterra e se consideram negro-e-britânco, asiático-britânico, etc., sendo possível perceber a pluralidade e hibridização na constituição da identidade cultural. Com essa exposição, Hall (2009) nos faz refletir sobre o que é ser britânico, fazendo-nos reconhecer que existem muitas formas distintas de ser britânico. Hall (2009) traz o exemplo de um menino que distante de sua terra natal vive em meio a uma cultura bastante diferente: um aluno muçulmano que usa calça jeans estilo hip-hop, mas não falta as orações religiosas. Gostaria de trazer também como exemplo, o caso de alguns indígenas que ingressam em universidades ou adquirem novos hábitos culturais, mas não perdem sua identidade indígena. Com as transformações que ocorrem constantemente na sociedade, é preciso adaptar-se às condições de vida presentes, isso não significa um abandono da cultura local em função da global, pois a cultura não é estática.

    Um bom exemplo para pensarmos categorias como raça, etnia, gênero e território é o movimento feminista indígena no Brasil. Mulheres indígenas começam a se organizar dentro dos movimentos indígenas para denunciar desigualdades de gênero. Assim, surge na década de 1980 a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) e a Associação de Mulheres Indígenas do Distrito de Taracuá, Rio Uaupés e Tiguié (Amitrut).
    “As indígenas reconhecem e denunciam inúmeras práticas discriminatórias que sofrem: casamentos forçados, violência doméstica, estupros, limitações de acesso à terra, limitações para organização e participação política e outras formas de dificuldade enfrentadas em consequência do patriarcalismo presente em suas comunidades. Embora esse seja um campo delicado de tratar, devido ao enfoque específico e multicultural que precisa ser dado, é necessário ouvir o que as organizações de mulheres indígenas estão reivindicando”, explica Mayara Melo em seu texto “Mulheres Indígenas – Opressão, Violência e Resistência”.
    A mulher indígena se insere em várias categorias: luta contra a discriminação étnico-racial e por direitos dos povos indígenas; luta por demarcação de territórios e questões socioambientais; e luta contra desigualdade de gênero.

    Fonte: Mayroses. “Mulheres indígenas – violência, opressão e resistência.” Disponível em:

    https://mayroses.wordpress.com/2011/11/25/mulheres-indigenas-violencia-opressao-e-resistencia/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Conheça um pouco sobre feminismo indígena no Brasil e sua importância
      Link:
      http://www.geledes.org.br/conheca-um-pouco-sobre-feminismo-indigena-no-brasil-e-sua-importancia/#gs.aQmyYPk

      Excluir
    2. O autor traz a face das diferenças culturais, ele é um exemplo claro da abordagem dessa,visto que nasceu e passou parte de sua vida na Jamaica e que hoje vive e trabalha as questões que agem de forma excludente na sociedade desde seu inicio como a imposição de culturas dominantes que servem como moduladores e que tentam conduzir de que forma os indivíduos podem e devem se portar para fazer parte dessa sociedade. Devemos pensar que a definição de identidade não é fixada por parâmetros e sim por vivencias e suas interpretações que vão para além dos esteriótipos, e é demonstrado por meio de práticas culturais.
      Precisamos pensá-la, como
      uma realização que não poderá ser completada, e que está em constante processo de construção interna que não depende de ações externas a sua interpretação. Acredito que um pouco do que somos é reflexo de nossas vivências.

      Excluir
  7. Segundo o autor, existiriam alguns fatores, para hastear a bandeira de uma urgência do multiculturalismo no pós II Guerra mundial, um deles seria a globalização que ele localiza como algo, que teve sua gênese nas práticas de colonização e exploração europeias, mas que nos últimos tempos, sobretudo dos anos de 1970 em diante estariam assumindo novas formas. Para ele, “a globalização contemporânea é associada ao surgimento de novos mercados financeiros desregulamentados, ao capital global e aos fluxos de moeda grandes o suficiente para desestabilizar as economias médias, as formas transnacionais de produção e consume, ao crescimento exponencial de novas indústrias culturais impulsionado pelas tecnologias de informação, bem como ao aparecimento da "economia do conhecimento". Característica desta fase e a compressão do tempo-espaço (Harvey, 1989), que tenta — embora de forma incompleta — combinar tempos, espaços, histórias e mercados no centre de um cronotopo espaço-temporal "global" homogêneo.
    Com o advento do pós-colonialismo, a globalização contemporânea seria, então, uma contradição, posto que, suas orientações penderiam para o Ocidente, com dominação cultural e econômica ditada pelos EUA. Como ideologia, seu governo se embasaria num viés capitalista, com elementos neoliberais globais. Desde então, os efeitos se apresentam de formas diferenciadas internamente nas sociedades ou entre elas, objetivando impor uma processual homogeneização, como Gramsci chamaria. E "estruturado em dominância", sem ter a capacidade de controle sobre tudo que há, no interior de sua órbita, tendo efeitos inesperados, como as formações subalternas e as tendências emergentes que escapam de seu cerco, mas que, insistentemente o sistema investe em dominar, doutrinar, homogeneizar, pasteurizar e adicionar aos seus fins mais abrangentes, mas não sem que haja resistência dos atores sociais que tencionam notoriedade em relação ao exercer sua cidadania de modo abrangente, incluindo o direito de galgar uma agenda de politicas públicas plural e individual no tocante aos cidadãos enquadrados nas categorias de gênero, raça e outras igualmente relevantes de serem consideradas no seio da sociedade.

    ResponderExcluir
  8. O caso de alguns indígenas que ingressam em universidades ou adquirem novos hábitos culturais, mas não perdem sua identidade indígena. Muito boa essa colocação da Ana Kelly...
    O termo diáspora ("dispersão") define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais. O termo diáspora se refere à dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica. Tal definição serve para pensarmos a situação dos indígenas brasileiros, já que, desde o início do processo de colonização muitos vivenciaram um constante movimento de fuga
    para áreas interioranas procurando escapar do jugo lusitano. Essa fuga, ou melhor, esse abandono de um determinado território, não implicava, obrigatoriamente, no abandono de determinadas tradições socioculturais que caracterizavam os indígenas. Ao contrário, pois, na medida em que, segundo Stuart Hall, a cultura é uma produção (...) depende de um conhecimento da tradição enquanto "o mesmo em mutação" e de um conjunto efetivo de genealogias, a mudança do lócus não conduz a uma descaracterização total, apenas parcial, já que adapta-se para sobreviver. Entretanto, a diáspora indígena foi mais do que uma mera troca de lugar, pois foi forjada por lutas sangrentas que violentavam não somente o próprio corpo indígena, como também sua forma de produção cultural. Darcy Ribeiro, analisando as disputas entre o colonizador e o ameríndio, frisou o papel da violência para a diáspora indígena na seguinte
    passagem:
    Às vezes se diz que nossa característica essencial é a cordialidade, que faria de nós um povo por excelência gentil e pacífico. Será assim? A feia verdade é que conflitos de toda a ordem dilaceraram a história brasileira, étnicos, sociais, econômicos, religiosos, etc. O mais assinalável é que
    nunca são conflitos puros. Cada um se pinta com as cores dos outros.
    Outra excelente inserção de Ana Kelly ... Com as transformações que ocorrem constantemente na sociedade, é preciso adaptar-se às condições de vida presentes ...Um caso revelador das estratégias utilizadas pelos indígenas para evitarem a usurpação de suas terras encontramos no pedido feito pelo índio Luís Brandão de Menezes Castelo Branco, índio da nação coropó que possuía a patente de Capitão da Companhia de Ordenanças de Pé dos Homens Índios e, em 18 de novembro de 1795 solicitou a confirmação no referido cargo. A solicitação frisa que Luís Brandão de Menezes Castelo Branco era Capitão dos homens índios da nação coropó. Tal fato indicava uma diferenciação, feita a cargo dos colonizadores, mas utilizada pelos indígenas como forma de inserção no universo social colonial. Como bem salientou Adriano Toledo Paiva:
    As chefias indígenas auxiliaram os colonos no conhecimento do espaço da região que se almejava conquistar, na defesa dos primeiros estabelecimentos populacionais dos ataques de outros grupos indígenas e quilombolas e no intermédio entre os aldeados. A inserção destes índios nos projetos de conquista e colonização promoveu transformações na vida de suas comunidades, especificamente em suas relações e concepções de poder.
    http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/9939/9822

    ResponderExcluir
  9. Percebe-se a pluralidade e hibridização na constituição da identidade cultural. A diferença cultural de um tipo rígido, etnicizado e inegociável novamente discutida por Hall (2009); porém à luz da diáspora; sendo assim, reflito sobre a nítida oposição ao Guarani como etnia, cuja migração não está associada a diáspora atrelada a pobreza, o subdesenvolvimento, a falta de oportunidades, os quais não forçam os GUARANI a migrar, nem são causa do espalhamento, mas a bases cosmológicas e a busca da terra sem males; convido-os assistir: https://www.youtube.com/watch?v=EqFa2oEkglw e conjugo com a linguística moderna pós-saussuriana que insiste que o significado não pode ser fixado definitivamente. Sempre há o "deslize" inevitável do significado na semiose aberta de uma cultura; concomitante o mito da tradução/traição do filósofo e antropólogo francês, Paul Ricoeur; O significado não vem pronto, não é algo portátil que se pode "carregar através" do divisor. O tradutor é obrigado a construir o significado na língua original e depois imaginá-lo e modelá-lo uma segunda vez nos materiais da língua com a qual ele ou ela o está transmitindo. As lealdades do tradutor são assim divididas e partidas. Outrossim, analisar que o conceito fechado de diáspora se apoia sobre uma concepção binária de diferença. Esta fundado sobre a construção de uma fronteira de exclusão e depende da construção de um "Outro" e de uma oposição rígida entre o dentro e o fora. Qual é realmente nossa percepção do SER INDÍGENA? Relembro a manchete atual veiculada na nossa imprensa: 'Índio bom é índio morto' http://seculodiario.com.br/32677/10/ijindio-bom-e-indio mortoij#.WJeMhAiKa4o.facebook
    A diferença, sabemos, é essencial ao significado, e o significado é crucial a cultura. Então, viabilizarmos hoje, nesse mundo GLOBALIZADO a imagem do indígena na universidade, utilizando o celular e se apropriando da câmera e confeccionando seus próprios filmes, implicaria em uma ideia de impureza? Faz-se novamente sentido essa tradução? O hibridismo surge em cena, a transformação que vem de novas e inusitadas combinações; no caso do GUARANI, o seu NHANDEREKO, modo de ser, permanece imutável, devido às tradições. A globalização cultural é desterritorializante em seus efeitos. Suas compressões espaço-temporais, impulsionadas pelas novas tecnologias, afrouxam os laços entre a cultura e o "lugar". A aproximação, ou o “encurtamento das distâncias”, transformou as relações humanas de várias formas. Como preconizou ZYGMUNT BAUMAN nessa Modernidade Tardia. Lembro-me da estratégia política de resistência do movimento KAIOWÁ no FACEBOOK. O GUARANI então se torna contemporâneo e impulsionado pelas NTIC`s, guaraniza o poder virtual com as hashtags #SouGuaraniKaiowa #SomosTodosGuaraniKaiowa e pelo acréscimo de “Guarani Kaiowa” ao primeiro nome das pessoas no Twitter e no Facebook, sai da invisibilidade e se faz mais visível.

    ResponderExcluir
  10. A proliferação e a disseminação de novas formas híbridas e sincréticas não pode mais ser apreendida pelo modelo centro/periferia ou baseada simplesmente em uma noção nostálgica e exótica de recuperação de ritmos antigos. É a história da produção da cultura, de músicas novas e inteiramente modernas da diáspora — e claro, aproveitando-se dos materiais e formas de muitas tradições musicais fragmentadas; o GUARANI hoje com seu rap e seu sertanejo, que PROTESTA, LUTA pelos seus DIREITOS, ESTUDA, FAZ MESTRADO, TEM DOUTOURADO e é inclusive visualizado na Globo MANIPULADORA e nada CRIANÇA, COM NENHUMA ESPERANÇA https://www.youtube.com/watch?v=Qcs1Z84O6do Aqueles esforços de reconstrução das identidades por um retorno a suas fontes originárias? O GUARANI BOM SELVAGEM da TRÍADE da nossa Literatura Brasileira não existe, é MITO. ÍNDIA dos LÁBIOS CHEIOS DE MEL? As lutas pela recuperação cultural foram em vão? Longe disso.
    Novamente dialogando com Ana Kelly: A mulher indígena se insere em várias categorias: luta contra a discriminação étnico-racial e por direitos dos povos indígenas; luta por demarcação de territórios e questões socioambientais; e luta contra desigualdade de gênero.
    Assim, pedindo licença a uma querida liderança Guarani, professora e mestranda Sandra Benites, na postagem do seu FACEBOOK em 31 de janeiro às 08:47 ·
    Sou Guarani, não sou Índia porque nunca morei na Índia e fora do Brasil. Nasci aqui no Brasil que não é Brasil ,esse nome foi dada pelo Europeus invasores, nós guarani chamamos Orere Rekoha. Nasci Guarani e eu tenho muito orgulho de ser mulher Guarani,sou Kunhã Pya'a Guasu. Sou guerreira ,batalho ,luto para vencer,racismo, machismo, preconceito, exclusão,silenciamento da nossa voz,negação dá população Indígenas. Mas tem gente que dizem que luta pela causa ,defende a causa mas são preconceituoso,racistas ,machista e quando se trata de população Indígenas? ...Eu acho engraçado as universidades são mais preconceituoso ainda é formam indivíduo racistas, preconceituoso,machista e com aquele visao de elite. Assim fica difícil construir a sociedades que respeitem as diferenças... Racistas, machistas e um sistema automático? Porque sistema automático está em cada um de nós?
    Finalizando, vale lembrar o fato embaraçoso de que a "naturalização" do termo descritivo "índio" para todos os ameríndios é outra forma de silenciamento em nosso mundo transnacional. Daniel Munduruku fala sobre a impropriedade dessa palavra, sem especificidade. https://www.youtube.com/watch?v=WSyjdc4QKsE&t=3s
    O que esses exemplos sugerem e que a cultura não é apenas uma viagem de redescoberta, uma viagem de retorno. Não é uma "arqueologia". A cultura é uma produção. Tem sua matéria-prima, seus recursos, seu "trabalho produtivo". Estamos sempre em processo de formação cultural. A cultura não é uma questão de ontologia, de ser, mas de se tornar. H`aevete ( OBRIGADA ). Anhete (é verdade).

    ResponderExcluir
  11. O uso do audiovisual pelos Guarani. Na aldeia Guarani Itaxi,em Paraty Mirim, o cinema se faz em composição com a experiência vivida na Opy , mediada pelo tabaco (petey), pela erva mate (Ka'a) e pelo aquecimento dos corpos que, juntos, alcançam a terra sem mal que está em devir, nesses tempos e espaços em que a verdade Mbya é vivida. A apropriação do vídeo pelos Guarani visa presentificar a verdade dessa experiência por meio das sábias palavras de seus mais velhos, xeramois, nhanderus. Sua produção se faz mirando dois alvos a partir de dentro, falar para fora.
    A CÂMERA QUE VÊ TAMBÉM É VISTA. Notas para contribuir na configuração de um cinema indígena -PEDRO DE ANDRÉA GRADELLA
    Quem é esse novo sujeito do cinema? De onde ele/ ela está falando? As práticas de representação implicam sempre em posições de onde se fala ou se escreve – a posições de enunciação. As teorias sobre enunciação mais recentes sugerem que, não obstante falarmos, por assim dizer, “em nosso nome”, de nós mesmos e com base em nossa própria experiência, quem fala e a pessoa de quem se fala nunca são idênticos, nunca estão exatamente no mesmo lugar. Stuart Hall – Diáspora e identidade.

    ResponderExcluir
  12. A questão do hibridismo cultural ganha ainda mais "sustância" nos tempos ditos globalizados, por meio do choque de culturas, que são híbridas e não puras. O que ocorre é que pelas diásporas e fluidez da cultura, não podemos também fixar os conceitos de raça, etnia... O sujeito é um ser em (re)construção que sempre aciona uma dada identidade, o que relaciona-se com os conceitos que falei anteriormente. Não podemos falar sobre raça/etnia/gênero inferior ou superior, o que ocorre são jogos de poder, com discursos que se forçam hegemônicos a fim de tornar certas identidades como "padrões", rechaçando as diferenças que há em qualquer coletivo, ou seja pelos discursos de poder tem-se tentativas de fixação de cultura e identidade o que acaba promovendo uma aparência que há culturas superiores, mas isso é instável e há novas disputas para tornar novos discursos hegemônicos, sendo um ciclo "infinito".

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir